FÓRUM E. P. A.
Gostaria de reagir a esta mensagem? Crie uma conta em poucos cliques ou inicie sessão para continuar.
FÓRUM E. P. A.

FÓRUM DE APOIO ÀS ACTIVIDADES ESCOLARES DA ESCOLA PROFISSIONAL DE ARQUEOLOGIA
 
InícioInício  Últimas imagensÚltimas imagens  ProcurarProcurar  RegistarRegistar  EntrarEntrar  

 

 Elogio do Amor por Miguel Esteves Cardoso

Ir para baixo 
4 participantes
AutorMensagem
medievalirica

medievalirica


Mensagens : 1
Data de inscrição : 06/02/2009
Idade : 93

Elogio do Amor por Miguel Esteves Cardoso Empty
MensagemAssunto: Elogio do Amor por Miguel Esteves Cardoso   Elogio do Amor por Miguel Esteves Cardoso Icon_minitimeSeg Fev 09, 2009 1:03 pm

ELOGIO AO AMOR - Miguel Esteves Cardoso in Expresso

Quero fazer o elogio do amor puro. Parece-me que já ninguém se apaixona de
verdade. Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar
sem uma razão. Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática.
Porque dá jeito. Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado.
Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais
barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das
calças e das contas da lavandaria.
Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de
Antemão, fazem planos e à mínima merdinha entram logo em "diálogo". O amor
passou a ser passível de ser combinado. Os amantes tornaram-se sócios.
Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões. O amor transformou-se numa
Variante psico-sócio-bio-ecológica de camaradagem. A paixão, que devia ser
desmedida, é na medida do possível. O amor tornou-se uma questão prática. O
resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade, ficam
"Praticamente" apaixonadas.
Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do
amor doente, do único amor verdadeiro que há, estou farto de conversas,
farto de compreensões, farto de conveniências de serviço. Nunca vi namorados
tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje.
Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são
uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do "tá tudo bem, tudo
bem", tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides,
borra-botas, matadores do romance, romanticidas. Já ninguém se apaixona? Já
ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o
desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a
comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo?
O amor é uma coisa, a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha. Não
é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a
pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida, o nosso
"dá lá um jeitinho sentimental". Odeio esta mania contemporânea por sopas e
descanso. Odeio os novos casalinhos. Para onde quer que se olhe, já não se
vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores. O amor fechou a
loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade. Amor é amor. É
essa beleza. É esse perigo. O nosso amor não é para nos compreender, não é
para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode.
Tanto faz. É uma questão de azar. O nosso amor não é para nos amar, para nos
levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno
aberto.
O amor é uma coisa, a vida é outra. A vida às vezes mata o amor. A
"vidinha" é uma convivência assassina. O amor puro não é um meio, não é um
fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem
tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não se percebe. Não
dá para perceber. O amor é um estado de quem se sente. O amor é a nossa
alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe,
não apanha, não larga, não compreende. O amor é uma verdade. É por isso que
a ilusão é necessária. A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e
minta e sonhe o que quiser. O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade
pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe. Num
momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por
muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda
o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não
esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor
que se lhe tem.

Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se
ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver
sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se pode ceder.
Não se pode resistir.

A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a vida inteira, o amor não.

Só um mundo de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também.
Ir para o topo Ir para baixo
Hugo Jáfoste

Hugo Jáfoste


Mensagens : 19
Data de inscrição : 05/02/2009

Elogio do Amor por Miguel Esteves Cardoso Empty
MensagemAssunto: Re: Elogio do Amor por Miguel Esteves Cardoso   Elogio do Amor por Miguel Esteves Cardoso Icon_minitimeSeg Fev 09, 2009 1:10 pm

medievalirica escreveu:
ELOGIO AO AMOR - Miguel Esteves Cardoso in Expresso

Quero fazer o elogio do amor puro. Parece-me que já ninguém se apaixona de
verdade. Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar
sem uma razão. Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática.
Porque dá jeito. Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado.
Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais
barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das
calças e das contas da lavandaria.
Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de
Antemão, fazem planos e à mínima merdinha entram logo em "diálogo". O amor
passou a ser passível de ser combinado. Os amantes tornaram-se sócios.
Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões. O amor transformou-se numa
Variante psico-sócio-bio-ecológica de camaradagem. A paixão, que devia ser
desmedida, é na medida do possível. O amor tornou-se uma questão prática. O
resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade, ficam
"Praticamente" apaixonadas.
Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do
amor doente, do único amor verdadeiro que há, estou farto de conversas,
farto de compreensões, farto de conveniências de serviço. Nunca vi namorados
tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje.
Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são
uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do "tá tudo bem, tudo
bem", tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides,
borra-botas, matadores do romance, romanticidas. Já ninguém se apaixona? Já
ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o
desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a
comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo?
O amor é uma coisa, a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha. Não
é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a
pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida, o nosso
"dá lá um jeitinho sentimental". Odeio esta mania contemporânea por sopas e
descanso. Odeio os novos casalinhos. Para onde quer que se olhe, já não se
vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores. O amor fechou a
loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade. Amor é amor. É
essa beleza. É esse perigo. O nosso amor não é para nos compreender, não é
para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode.
Tanto faz. É uma questão de azar. O nosso amor não é para nos amar, para nos
levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno
aberto.
O amor é uma coisa, a vida é outra. A vida às vezes mata o amor. A
"vidinha" é uma convivência assassina. O amor puro não é um meio, não é um
fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem
tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não se percebe. Não
dá para perceber. O amor é um estado de quem se sente. O amor é a nossa
alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe,
não apanha, não larga, não compreende. O amor é uma verdade. É por isso que
a ilusão é necessária. A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e
minta e sonhe o que quiser. O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade
pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe. Num
momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por
muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda
o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não
esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor
que se lhe tem.

Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se
ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver
sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se pode ceder.
Não se pode resistir.

A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a vida inteira, o amor não.

Só um mundo de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também.



Simplesmente a verdade de hj em dia...! Com muita pena de todos os que acreditam em tal situação, mas é a mais pura das verdades...!
Para que investir, se se pode perder tudo num momento? de um dia para o outro?
Enfim...

"just my 2 cents" Wink
Ir para o topo Ir para baixo
chlodowing

chlodowing


Mensagens : 10
Data de inscrição : 04/02/2009
Localização : Terra de bons frutos

Elogio do Amor por Miguel Esteves Cardoso Empty
MensagemAssunto: Re: Elogio do Amor por Miguel Esteves Cardoso   Elogio do Amor por Miguel Esteves Cardoso Icon_minitimeSeg Fev 09, 2009 4:14 pm

affraid affraid affraid affraid affraid


Gand piada...

Vive o intervalo, morreremos tds quando menos esperamos...

elephant elephant elephant elephant
Ir para o topo Ir para baixo
blue heart

blue heart


Mensagens : 8
Data de inscrição : 02/02/2009

Elogio do Amor por Miguel Esteves Cardoso Empty
MensagemAssunto: Re: Elogio do Amor por Miguel Esteves Cardoso   Elogio do Amor por Miguel Esteves Cardoso Icon_minitimeTer Fev 10, 2009 6:56 am

medievalirica escreveu:
ELOGIO AO AMOR - Miguel Esteves Cardoso in Expresso

Quero fazer o elogio do amor puro. Parece-me que já ninguém se apaixona de
verdade. Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar
sem uma razão. Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática.
Porque dá jeito. Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado.
Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais
barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das
calças e das contas da lavandaria.
Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de
Antemão, fazem planos e à mínima merdinha entram logo em "diálogo". O amor
passou a ser passível de ser combinado. Os amantes tornaram-se sócios.
Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões. O amor transformou-se numa
Variante psico-sócio-bio-ecológica de camaradagem. A paixão, que devia ser
desmedida, é na medida do possível. O amor tornou-se uma questão prática. O
resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade, ficam
"Praticamente" apaixonadas.
Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do
amor doente, do único amor verdadeiro que há, estou farto de conversas,
farto de compreensões, farto de conveniências de serviço. Nunca vi namorados
tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje.
Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são
uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do "tá tudo bem, tudo
bem", tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides,
borra-botas, matadores do romance, romanticidas. Já ninguém se apaixona? Já
ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o
desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a
comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo?
O amor é uma coisa, a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha. Não
é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a
pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida, o nosso
"dá lá um jeitinho sentimental". Odeio esta mania contemporânea por sopas e
descanso. Odeio os novos casalinhos. Para onde quer que se olhe, já não se
vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores. O amor fechou a
loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade. Amor é amor. É
essa beleza. É esse perigo. O nosso amor não é para nos compreender, não é
para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode.
Tanto faz. É uma questão de azar. O nosso amor não é para nos amar, para nos
levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno
aberto.
O amor é uma coisa, a vida é outra. A vida às vezes mata o amor. A
"vidinha" é uma convivência assassina. O amor puro não é um meio, não é um
fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem
tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não se percebe. Não
dá para perceber. O amor é um estado de quem se sente. O amor é a nossa
alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe,
não apanha, não larga, não compreende. O amor é uma verdade. É por isso que
a ilusão é necessária. A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e
minta e sonhe o que quiser. O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade
pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe. Num
momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por
muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda
o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não
esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor
que se lhe tem.

Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se
ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver
sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se pode ceder.
Não se pode resistir.

A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a vida inteira, o amor não.

Só um mundo de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também.



Impecável. Parabéns pela escolha, Medievalirica! sunny
Ir para o topo Ir para baixo
Conteúdo patrocinado





Elogio do Amor por Miguel Esteves Cardoso Empty
MensagemAssunto: Re: Elogio do Amor por Miguel Esteves Cardoso   Elogio do Amor por Miguel Esteves Cardoso Icon_minitime

Ir para o topo Ir para baixo
 
Elogio do Amor por Miguel Esteves Cardoso
Ir para o topo 
Página 1 de 1
 Tópicos semelhantes
-
» Isto sim é amor
» Por falar em amor...
» Ideia sobre o Amor
» Questões sobre o amor
» Esta Chuvinha...

Permissões neste sub-fórumNão podes responder a tópicos
FÓRUM E. P. A. :: VALENTIN´S DAY :: 12º AA-
Ir para: